07/05/2010

Se Deus é por nós, quem será contra nós?

Certa vez, voltava da faculdade parei em um semáforo. Um homem pedia esmolas, eu já me preparava para o momento tenso em que ele chega perto do vidro e eu não sei se ele só vai pedir ou se vai assalta.

O pseudo diálogo começa com sua mão estendida e meu aceno negativo. De repente ele chega mais perto e com uma voz firme, mas muita calma, me surpreende com a seguinte frase:
- Moça. Eu tô desse jeito (sujo, descalço e com roupas rasgadas), mas ainda sou gente.

Concordei com a cabeça e caí em silêncio por não conseguir pensar em nada que pudesse ajudá-lo.

Segui meu caminho com uma pergunta me martelando. O que eu fiz para ele precisar me dizer aquilo? Fui relembrando o momento, revendo a cena para saber se fiz algum movimento brusco, mas não. Minha reação no semáforo foi calma. Daí, passei a me perguntar o que o mundo fez para ele precisar falar para uma estranha que ainda é gente?

Isso tudo me voltou à mente hoje, quando vi uma carrocinha de catadores (pejorativo assim mesmo, como a mídia e a sociedade trata o assunto). Um pai, uma mãe, um bebê de colo e uma criança pequena garimpando juntos os cantos das ruas. No fundo do equipamento de trabalho (tá na hora de dignificar essa ocupação) a frase “Se Deus é por nos, quem será contra nós?”. Sem pensar muito, uma resposta na ponta da língua: os outros pelos quais Deus é a favor.

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